quarta-feira, outubro 22, 2008

Onda marada(1)

Um dos efeitos mais curiosos das abordagens que os média implementam na análise de alguns fenómenos é a contaminação do discurso popular. No inicio da ocupação do Iraque eram muitos os transeuntes fluentes nas diversas variantes de armas biológicas ou especialistas nas cisões que fragmentaram o islamismo. Na altura da subida dos preços de petróleo as explicações para os fenómenos especulativos abundavam em alguns cafés alentejanos e não eram poucos os que levavam em conta «o crescimento exponencial dos países emergentes».
Com a crise financeira quase que sentimos a vontade de exigir ao novo acordo ortográfica uma recomendação aos professores no primeiro ciclo no sentido de prioritizarem a ortografia de «subprime», «quebra de liquidez», «injecção de capitais». Na bitola do uso, num patamar ligeiramente abaixo, está «profecias auto-realizáveis».
Ainda no contexto financeiro fica um exemplo muito simples: um comentador com amplo prestigio diz que a economia vai abrandar, investidores que o têm em conta decidem protelar algumas intervenções, inspirados por esta atitude outros investidores resolvem acautelar-se e não entrar em aventuras, e assim sucessivamente. Com a retracção global de investimento a economia acaba mesmo por perder fôlego; donde a previsão do fenómeno foi simultaneamente o propulsor do efeito a corroborou. (daqui dava para fazer uns trocadilhos giros (envolvendo a lógica matemática) mas não quero que isto fique ainda mais longo). A falência do Nothern Rock foi uma coisa mais ou menos deste género….

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