segunda-feira, novembro 21, 2005

a propósito das eleições da D.G.-A.A.C.

aqui fica um texto de campanha da saudosa Lista Q, naquelas loucas eleições que podiam ter mudado o ensino superior neste país:


POR UMA MELHOR QUALIDADE DE ENSINO

Era uma vez um país, onde tudo era cor-de-rosa. Caíam flores do céu, corria mel nos rios, e as pessoas eram felizes. As Universidades também não fugiam à regra, tudo era rosa. Os alunos e os professores cantavam e dançavam no intervalo das aulas; estas corriam maravilhosamente bem, uma vez que tudo era explicado tendo por base a prática sustentada por potentes máquinas. Os professores, esses, gostavam de dar notas justas nas frequências e exames, e os alunos eram aprovados com distinção. Não tinham problemas: tudo era fácil. O governo, também rosa, há muito que tinha banido as propinas, uma vez que achava que o ensino era da sua competência. Assim, havia bolsas para todos, neste país onde a felicidade imperava. Quando acabavam os cursos, todos tinham emprego, e iam fazer o que sempre sonharam.
Ao lado deste país das maravilhas, havia outro, com as mesmas pessoas. Aqui nem tudo era rosa. Aliás, a única coisa rosa era mesmo o governo. Havia um padrão de cores, mas aos olhos dos estudantes resumiam-se a uma: negro. Nas Universidades nada era rosa; os professores, que pouco ou nada percebiam de pedagogia, davam aulas como quem dá maçãs velhas a porcos; os alunos, esses não tinham potentes máquinas que lhes servissem de base à sua aprendizagem, a única coisa que tinham eram velhos livros (livros não, sebentas) que continham palavras e fórmulas indecifráveis. Por muito que um aluno trabalhasse, nunca iria colher os frutos do seu esforço, devido às enormes intempéreis que assolavam a Universidade. Assim, não era de admirar que fossem poucos os alunos que terminavam o curso com sucesso. Aqueles que o concluíam, nem sempre iam trabalhar, sujeitando-se aos trabalhos que apareciam nos classificados dos jornais: “Precisam-se colaboradores para casa de massagens. Alto vencimento.”, ou “Precisa-se jardineiro, com ou sem experiência”, ou “Precisam-se figurinos para grandioso filme pornográfico”. As famílias eram as mais penalizadas, uma vez que tinham que pagar o alojamento dos seus rebentos (agora já em forma de arbusto), muitas vezes em condições deploráveis, (locais em que o meu cão, o Farrusco, se recusaria a dormir um dia, quanto mais um ano); pagavam também a alimentação, pois neste país, o mel há muito que se tinha esgotado, sem falar nas malvadas propinas, uma das principais inovações deste governo quando atingiu o poder. As condições dos estudantes eram deploráveis, e os tumultos não paravam de acontecer; o empobrecimento das famílias e o desemprego aumentavam.
Até que um dia, os habitantes deste país ficaram fartos do ensino, e das suas consequências, que era concedido aos seus filhos. Atearam fogo ao país onde viviam, ficando até o próprio governo enegrecido e mudaram-se para o país vizinho, onde foram felizes para sempre.
Em qual dos países é que pensa que vive?

Jeremias Correia (Lista Q)

Lista Q - Vem gozar connosco



P.S - Apesar da ausência do nosso lider e profeta Alexandre Areias (em retiro espiritual com os talibãns) a tentativa da ex-ku-malha tomar o poder ficou-se por um honroso penúltimo lugar.

3 Bitaites:

lobotomy_fan mandou o bitaite...

Grande trabalho de pesquisa e escrita parreirex! Tive a honra de participar em dois grandes eventos: a lista Q e a peça do Axioma! Bem lembrado!

Ernesto Sincero mandou o bitaite...

Bons tempos! A propósito parreirex: ficamos em antepenúltimo.

Beijos na Testa

Anónimo mandou o bitaite...

Para discutir estes e outros assuntos visitem o fórum do projecto "Culturas Juvenis e Participação Cívica"

http://cjuvenis.ces.uc.pt/

Hugo Dias
hugo@ces.uc.pt